MEDEIA - Lamento da Ama

A cólquida dói deixada para traz. Lambuzada da lama que outrora a enriqueceu, mas que agora a consome. As usinas só abrigam ratos. Os ratos não tem esperança. Não há mais prole. Não há |mais prole. Não há mais prole. Não há mais pai nem pele nem pedaço nem povo nem portas nem porões nem palavras nem prostitutas nem pederastas nem petróleo nem projetos nem paisagens nem pessoas nem pêndulos nem preâmbulos nem parênteses nem paredes nem predicados nem pronomes pessoais nem performances.

MEDEIA - Jabor-Marcola

Eu li, eu leio. Eu li três mil livros na prisão. Eu leio Dante. Eu sou o cu de Dante no Inferno. Eu sou um suvenir das profundezas. Não adianta me prender.

Agora estamos ricos com a multinacional do pó. Agora estamos no centro do insolúvel.Agora estamos ricos com a multinacional do pó.

Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto, leio Dante na prisão. Não há mais proletários, nem excluídos nem explorados.

Na favela tem cem mil homens-bomba. Na Favela tem cem mil homens bomba. A morte para nós é um presunto diário desovado numa vala.

MEDEIA - Chegada a Atenas

I

Como a urbe de que te fiz
como o país que dois preexistiu
te acolhe junto ao surto palatável
ímpia matadora comigo: és tola
vislumbra o cruor te domina
vislumbra o crime sopesa tudo
todas as teus joelhos comanda esse lugar
rogamos tudo sábio no que faz
não carneies a prole! princesa

II

Morreu-me o doce mais sinistra
resta a amargura, deixai, meninos
sequestrados da a mão direita de ambos
distantes noutra curva desses lábios
por que cravar garbo, porte e braços
por que sorrir aqui o pai

(Texto produzido pela sobreposição de páginas do texto Medeia)

Lamento - MEDEIA


# jamais houvesse a nau de argos em seu vôo rasante deitado em escombros as enormes e gêmeas simplégades, cujo brilho de espelhos o falso torque e o riso escondem vácuo no cofre/ jamais houvessem as simplégades implorado em seu skyline de tão vistosas dinamite nos pés - e os homens aceleram urânio na cozinha do fast-food - jamais jamais houvesse afrodite chegado a usar tantos efeitos especiais e maquiagens feitas de pó moído do submundo/ jamais houvessem ocultado distribuído esquartejado o corpo do irmão lançado ao mar cada pedaço no silêncio da noite atrasando os seguidores/ jamais o rio negro e subterrâneo onde bóiam os corpos dos antepassados houvesse sido perfurado para nunca mais e o anjo da história adormecido em nossos braços a sonhar uma arquitetura de vidro/ jamais houvessem os relógios nos traído e mascarado a morte de amor/ jamais houvessem sorrido e defecado, sorrido e defecado, ai... as coisas eternas estão cansadas/ a educação pela pólvora/ terror. /terror?/ (terror!) terror...fim do 1º lamento#